“O trabalho do artista parece refletir uma antiga crença no poder encantatório da superfície pintada, dispensando a sugestão imaginativa das profundezas como subsídio necessário à sustentação da imagem. O encantamento que as superfícies de Diego Nolasco proporcionam, pertence a uma ordem de experiência estética de longa tradição na história, como bem exemplifica a vertigem mística que a iconografia bizantina exerceu ao longo de séculos e, mais recentemente, as superfícies de Matisse, frutos de um hedonismo que se desdobra em ondas de choque no espírito. O jovem pintor já parece compreender que o que se vê é muito e que há muito trabalho a ser feito na planície infinita das superfícies, que, afinal, compõem o que nos é dado ao conhecimento e é por onde principia todo o sonho.“
Maria Helena Bernardes, artista e professora com formação em Artes Visuais pela UFRGS, sócia diretora e professora da associação cultural Arena. Julho de 2007.
"A pintura de Diego Nolasco desdobra-se assinalando características distintas constituídas por silêncios e murmúrios. A primeira é provocada pela indagação sobre a ausência de um objeto reconhecível e, neste encadeamento, a pintura se esvai, transformando-se em uma paisagem etérea; a segunda discorre da interrupção na matéria condensada, pelo gesto de retirar a tinta desenhando com os dedos. Apesar da dualidade, o afastamento e a proximidade conspiram na forma de apreciarmos suas pinturas. Na distância, a cor se sobressai nos movimentos circulares que se expandem para fora da tela e de muito próximos, nos possibilita entrarmos nas minúcias do gesto. Sua pintura aborda dois sentidos diferentes, no que tange à visibilidade: a visão e a percepção. Este jovem deseja que compartilhemos, por meio dos sentidos, todas as essências que habitam o mundo, tanto as visuais como as sensoriais. O profundo em sua pintura, como diz Sérgio Milliet, tem a intenção de instigar, “... de travar sobre a tela a emoção como através de um acorde musical transmiti-la a outrem. Como se transmite a emoção da música sem delimitações precisas, nem insinuações de assunto.” (MILLIET, p.251). É neste contexto que a pintura se insere. Passa a ter melodia própria quando se mostra em movimentos sensoriais que ultrapassam o racional numa experimentação de ritmos sensíveis. O toque na tinta assume o papel de instrumento para que isto aconteça, fortalecendo a relação de cumplicidade entre pintor e pintura. A arte contemporânea pontua poiéticas individuais e a originalidade da técnica conduz de maneira inequívoca ao seu autor que, nesta série, busca nas semelhanças, a diferença fundamental para novos trabalhos, em contornos pessoais, de marca própria onde o gesto identifica o artista numa relação de cumplicidade entre pintor e pintura."
Ana Zavadil, mestranda em Arte e Cultura pela UFSM,março de 2009.
"À primeira vista o trabalho sugere textura, empaste, muita matéria. Examinando com mais atenção percebe-se que a pintura não é tão compacta. Porém é como um emaranhado de linhas e cordões, um turbilhão, sugerindo uma terceira dimensão, remetendo a tapeçarias produzidas nos anos 70 e 80, com seus nós, lianas e torcidos de fios. Um tecido denso e disposto em massas, com cuidado, numa sucessão de cores pensadas, em tonalidades dégradés onde transparecem também momentos de agitação. Mas, paradoxalmente há uma coisa organizada, pensada e, portanto, coerente, nesse aparente turbilhão, um ritmo nesse colorido peculiar, em harmonia. Ou seja, dentro de uma aparência convulsiva de cores e fios, uma reflexão, um pensamento organizado e preciso, tanto nos gestos quanto nas cores. Alguns trabalhos têm uma grafia própria, uma escrita circular e repetida, onde subitamente se inserem signos mais escuros, pregos, sinais, referência ao concreto, possível influência de artistas da geração que o antecede, como, entre nós, Daniel Senise e mesmo Mira Schendel. O artista certamente busca um caminho, um marca pessoal."
Eugênia Gorini Esmeraldo, coordenadora de Intercâmbio do MASP.